quarta-feira, 26 de março de 2008

Brasil na Primeira Guerra Mundial

O Brasil na Primeira Guerra Mundial(1914-1918) tinha uma posição respaldada pela Convenção de Haia, mantendo-se inicialmente neutro, buscando não restringir o mercado à seus produtos de exportação, principalmente o café.

Desta forma, somente um navio brasileiro, o Rio Branco, foi afundado por um submarino nos primeiros anos da guerra (em 3 de maio de 1916), mas este estava em águas restritas, operando a serviço inglês e com a maior parte de sua tripulação sendo composta por noruegueses, de forma que, apesar da comoção nacional que o fato geral, não poderia ser considerado como um ataque ilegal dos alemães.


Fase inicial

No início da guerra, apesar de neutro, o Brasil enfrentava uma situação social e econômica complicada. Como a economia era basicamente fundamentada na exportação de apenas um produto agrícola, o café. Como este não era essencial, suas exportações (e as rendas alfandegárias, a principal fonte de recursos do governo) diminuíram com o conflito. Isto se acentuou mais com o bloqueio alemão e, depois, com a proibição à importação de café feita pela Inglaterra em 1917, que passou a considerar o espaço de carga nos navios necessário para produtos mais vitais, haja visto as grandes perdas causadas pelos afundamentos de navios mercantes pelos alemães.

As relações entre Brasil e Alemanha foram abaladas pela decisão alemã de autorizar seus submarinos a afundar qualquer navio que entrasse nas zonas de bloqueio. No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro “Paraná”, um dos maiores navios da marinha mercante (4.466 toneladas), carregado de café, navegando de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por um submarino alemão a milhas do cabo Barfleur, na França, e três brasileiros foram mortos.

Manifestações Populares

Quando a notícia do afundamento do vapor "Paraná" chegou ao Brasil poucos dias depois, eclodiram diversas manifestações populares nas capitais. Em Porto Alegre passeatas foram organizadas com milhares de pessoas, inicialmente pacíficas, as manifestações passaram a atacar estabelecimentos comerciais de propriedades de alemães ou descendentes - o Hotel Schmidt , a Sociedade Germânia, o clube Turnebund e o jornal Deutsche Zeitung foram invadidos, pilhados e queimados.

Ao mesmo tempo, em outras capitais houve pequenos distúrbios. Novos episódios com violência só ocorreriam quando da declaração de guerra do Brasil à Alemanha em outubro.

Consequências Diplomáticas

No dia 11 de abril de 1917 o Brasil rompeu relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio “Tijuca” foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo brasileiro confiscou 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.

No dia 27 de julho de 1917, o vapor brasileiro Lapa foi torpedeado por três tiros de canhão de um submarino alemão.

No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional “Macau”, um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declarou guerra à aliança germânica.

Apoio aos aliados

A abertura dos portos brasileiros a unidades aliadas e a responsabilidade pelo patrulhamento do Atlântico Sul pela esquadra brasileira foram as primeiras ações em apoio ao esforço de guerra aliado.

A Divisão Naval em Operações de Guerra, comandada pelo contra-almirante Pedro Max Fernando Frontin, incorporou-se à esquadra britânica e realizou o primeiro esforço naval brasileiro em águas internacionais.

Em cumprimento aos compromissos assumidos com a Conferência Interaliada, reunida em Paris de 20 de novembro a 3 de dezembro de 1917, o Governo brasileiro enviou uma missão medica composta de cirurgiões civis e militares, para atuar em hospitais de campanha do teatro de operações europeu, um contingente de oficiais aviadores, do Exército e da Marinha, para se integrar à Força Aérea aliada, e o emprego de parte da Esquadra, fundamentalmente, na guerra anti-submarina. Para cumprir as atribuições da Marinha, o Ministro, Almirante Alexandrino Faria de Alencar, determinou a organização de uma força-tarefa que permitisse a efetiva participação da Marinha brasileira na Primeira Guerra Mundial. Logo, pelo Aviso Ministerial nº 501, de 30 de janeiro de 1918, foi constituída a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), composta de unidades retiradas das divisões que formavam a Esquadra brasileira. Passaram a compor a DNOG os Cruzadores Rio Grande do Sul e Bahia, os Contratorpedeiros Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina, o Tender Belmonte e o Rebocador Laurindo Pitta.

Esta Divisão foi incumbida de patrulhar a área compreendida pelo triângulo marítimo cujos vértices eram a cidade de Dacar, na costa africana, o Arquipélago de São Vicente, no Atlântico, e Gibraltar, na entrada do Mediterrâneo. Ficaria sob as ordens do Almirantado britânico, representado pelo Almirante Hischcot Grant. E para comandá-la, o ministro designou um dos oficiais de maior prestígio na época, o Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin, nomeado em 30 de janeiro de 1918.

A seguir, foi enviado um grupo de pilotos aviadores navais, em janeiro de 1918, e de oficiais do Exército Brasileiro para o Teatro de Operações europeu. Dentre esses, destacava-se o então tenente João Pessoa Cavalcante de Albuquerque, que comandou um pelotão do 4º Regimento de Dragões do Exército francês.

A guerra no mar, para o Brasil, teve início no dia 1 de agosto, quando da partida da DNOG do porto do Rio de Janeiro. Na noite do dia 25 de agosto, na travessia de Freetown para Dacar, a divisão sofreu um ataque torpédico feito por submarino alemão, mas sem causar vítimas ou danos nos navios. Posteriormente, já fundeada no porto de Dacar, a tripulação da divisão foi vítima da epidemia conhecida na época como a “gripe espanhola”, que tirou a vida de mais de uma centena de nossos marinheiros, e imobilizou a Força por dois meses naquele porto.

No dia 3 de agosto de 1918, o navio brasileiro Maceió foi torpedeado pelo submarino alemão U-43.

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